domingo, 14 de setembro de 2008

Tratamento

Bases Atuais para a Terapêutica:

O diagnóstico precoce é decisivo para o tratamento.

O tratamento disponível atualmente nos permite basear a estratégia terapêutica em três pilares: melhorar a cognição,retardar a evolução e tratar os sintomas e as alterações de comportamento.

A terapia colinérgica é a mais utilizada podendo inclusive melhorar efetivamente a cognição e a funcionalidade em um grupo restrito de pacientes, cerca de 20% a 33%. Alguns autores propõem que essa terapia deve ser iniciada logo que os primeiros sintomas apareçam, mesmo que o processo demencial ainda não esteja completamente instalado retardando o curso natural da enfermidade.

O tratamento colinérgico visa melhorar a transmissão colinérgica a nível cerebral. O nível de acetilcolina (neurotransmissor decisivo no desempenho cognitivo) está diminuído na doença de Alzheimer (DA) por diminuição de produção ou por excessiva destruição pela ação da enzima acetilcolinesterase. Dessa forma os sintomas poderiam ser melhorados com o uso de agonistas colinérgicos ou por inibidores colinesterásicos, ambos aumentando a atividade colinérgica.

Todas as drogas aprovadas para uso, com exceção da memantina, são indicadas para pacientes que estão nas fases mais iniciais da doença quando o paciente ainda tem preservados algum grau de cognição e/ou de independência funcional, daí a importância do diagnóstico precoce.

Sempre se deve ter em conta a necessidade de confirmar o diagnóstico antes de iniciar o tratamento específico, descartando todas as outras causas de demência, particularmente as potencialmente reversíveis.

A filosofia que deve nortear a decisão de iniciar o tratamento o mais cedo possível deve ser perseguida evitando-se retardar essa decisão atribuindo as perdas cognitivo-funcionais como decorrentes do processo normal de envelhecimento.

Não é raro, senão regra, pacientes serem medicados apenas quando o processo demencial já avançou muito, inviabilizando toda e qualquer possibilidade de melhora. Os temidos efeitos colaterais da primeira droga aprovada (tacrina) deixaram uma triste imagem do tratamento com anticolinesterásicos na classe médica, felizmente as drogas atuais são muito mais seguras.


Foi na década de 70 que as pesquisas comprovaram que a quantidade de acetilcolina a nível sináptico estava muito diminuída na doença de Alzheimer.

A acetilcolina é um neurotransmissor muito importante na comunicação interneuronal sendo a substância fundamental no mecanismo da memória e do aprendizado. É a quantidade (concentração) desse neurotransmissor, durante a sinapse, que vai permitir a fixação da informação, aprender coisas novas, resgatar informações antigas além de outras atividades intelectuais.

Todas as tentativas de aumentar a quantidade de acetilcolina a nível sináptico com o uso de agonistas colinérgicos fracassaram.

Em 1986 o New England Journal of Medicine publicou um trabalho demonstrando que uma nova droga chamada tacrina havia demonstrado ser muito eficaz, com resultados altamente animadores nos pacientes com doença de Alzheimer.

O modo de ação da droga era inovador, impedindo que a pouca acetilcolina que havia não fosse prontamente destruída pela enzima acetilcolinesterase, aumentando efetivamente de forma indireta a concentração dessa substância a nível sináptico .

A tacrina infelizmente não era uma droga segura, altamente hepatotóxica enfrentou grandes dificuldades para até ser aprovado pelo FDA em 1993 sob o nome comercial de Cognex. Praticamente não é mais prescrita.

A tacrina abriu um novo horizonte de pesquisa e grandes indústrias farmacêuticas passaram a pesquisar drogas com a mesma ação farmacológica, porém com menos efeitos secundários, mais seguras. Dessa maneira chega ao mercado, após serem aprovadas pelo FDA, em 1996 a donepesila, em 1988 a rivastigmina, e em 2001 a galantemina.

Todas essas drogas foram aprovadas pelo FDA, após rigorosos ensaios clínicos que demonstraram inequivocamente seus benefícios, melhorando o estado cognitivo, o desempenho nas atividades da vida diária e abrandando os distúrbios de conduta, desde que bem indicados e corretamente utilizados.

Essas 3 drogas demonstraram ser efetivas, especialmente para os pacientes em fases inicias da DA, aumentando a cognição e melhorando significativamente a sintomatologia.


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